Sobre o livro:
O assassinato do estudante Jun Lin, cometido pelo canadense Luka Magnotta em 2012, foi filmado e disponibilizado on-line para milhões de espectadores, que puderam perceber uma semelhança entre a sequência de imagens e aquela em que a personagem de Sharon Stone assassina seu parceiro no filme Instinto Selvagem. Essa é uma das cenas que aparece neste livro, o qual toma o corte e a montagem como procedimentos para se contar uma história. Tatear os destroços depois do acidente é um livro que investiga as possíbilidades da realidade diante do desejo e da violência, apresentando um painel em que alguns personagens reais, e outros nem tanto, desfilam pelas páginas em vídeos pornográficos postados na internet, em vídeos de assassinatos postados na internet, em matérias de jornais sobre crimes, em fotografias médicas do século XIX e em cenas de filmes do gênero noir. Tudo isso perpassado por um olho erótico e maquínico, que observa e também reconta as narrativas à medida que mescla as imagens, as fragmenta e seleciona o que entra em cena e o que fica de fora. E é justamente denunciando sua montagem que Otávio Campos nos apresenta uma intrigante narrativa que se constrói a partir da ambivalência do corte o dos versos dos poemas, o das cenas dos filmes, o da análise lacaniana e o dos corpos esquartejados.
Otávio Campos é doutor em Estudos Literários pela UFMG, coordenador editorial das Edições Macondo, professor de língua portuguesa e suas literaturas, e autor dos livros Os peixes são tristes nas fotografias (2015), Ao jeito dos bichos caçados (2017) e Tatear os destroços depois do acidente (2022). Junto com Beatriz Bastos, traduziu o livro Fantasmas, de Sean Bonney, que será lançado em breve pelas Edições Macondo.