Estreia na prosa de Simone Brantes, vencedora do Prêmio Jabuti na categoria poesia, Ana é um romance de formação que acompanha sua protagonista, cujo nome dá título ao livro, em histórias que atravessam quase quatro décadas, desde o começo de sua juventude até sua maturidade. No decorrer dos dez capítulos e dois poemas que montam a narrativa, somos apresentados também a diversas mulheres, que constroem uma relação de amor (algumas mais frágeis, outras mais perenes) com Ana, personagens essas que ora aparecem como peça central da trama para, logo em seguida, surgirem como coadjuvantes de outras histórias, desenhando quase um fluxo comum dos envolvimentos afetivos de toda uma geração.
Mesclando momentos líricos com uma narrativa seca, Simone Brantes também consegue conjugar, com maestria, o tempo da evolução amorosa de Ana com aquele que se estende do processo de abertura política até as primeiras décadas de "normalidade" democrática no Brasil. As políticas de distribuição de renda e de inclusão social criam, antes do Golpe de 2016, uma "nova classe média" e trazem para o centro da luta e do debate atual questões incômodas, que passaram ao largo da vida da protagonista e dos demais personagens, todos oriundos, em maior ou menor grau, de uma elite; todos apostando na democracia como instrumento de justiça social, mas aproveitando os momentos de estabilidade democrática apenas para viver "radicalmente" as suas vidas.
Sobre a autora:
Simone Brantes publicou dois livros de poemas: Pastilhas brancas e Quase todas as noites (Prêmio Jabuti de poesia em 2017), ambos pela editora 7Letras. É autora de Rose Ausländer, da coleção “Ciranda de Poesia” (Eduerj/Editora da UFPR). Prepara atualmente um volume de traduções da poeta alemã Hilde Domin e um livro de ensaios sobre Kafka. Ana é seu primeiro romance.