Sobre o livro:
Lançado em 2019, Onde estão as bombas, terceiro livro de Tatiana Pequeno, causou um pequeno alvoroço no meio literário, como uma faísca que aos poucos se espalha e vira um mito. Essa impressão se deu não somente graças a sua pequena tiragem, que rapidamente se esgotou e esteve, desde então, fora do mercado, mas principalmente pelos focos de incêndios que seus poemas trazem, dialogando com as agruras e com as tensões políticas e sociais daquele Brasil que se queimava ele mesmo. Essa nova edição, revista e ampliada, vem para confirmar que a escrita da poeta não deve sua força a um momento específico, mas se expande e se reatualiza a cada leitura, a cada gesto de abrir e fechar o livro. Os novos poemas presentes nessa edição dão um fôlego renovado a Onde estão as bombas e confirmam o que muitos já sabiam: Tatiana Pequeno é, sem dúvidas, um dos maiores nomes da poesia brasileira atual.
No posfácio da obra, o poeta e pesquisador Alberto Pucheu aponta:
"Onde estão as bombas é um estrondo que responde a uma urgência de nosso tempo e, respondendo a ela, torna-se um livro urgente para nós, um livro pungente, explosivo, simultaneamente do, mas, especialmente, para o nosso tempo, na medida em que vai vertiginosamente “à beira” da crueldade do real, permanecendo nela, demorando-se nela, conseguindo fazê-la falar. No documentário que fiz com a poeta, intitulado Tatiana Pequeno: muambas e bombas para o nosso tempo, ela afirma: 'Eu acho que, quando os escrevi [os poemas mais “espinhosos” de onde estão as bombas], eu me senti absolutamente só, mas depois que eles estavam escritos, eu me senti fazendo parte de uma comunidade, mas uma comunidade infeliz, de uma comunidade que é absolutamente violentada, sistematicamente, a cada hora, a cada minuto, neste país temível. Então, de algum modo, esses poemas deixaram de ser bombas para mim, talvez, depois que eles foram escritos, mas são bombas que eu vou lançar para os outros, porque os outros precisam também, então, a meu ver, ler e ouvir um pouco do que é dito ali, porque eu acho que essa é uma tarefa da poesia'. (...) Ler Onde estão as bombas é fazer a experiência de uma imensa intensidade poética, política, ética, existencial, com poemas de intervenção no nosso tempo, é fazer a experiência de que algo de muito especial, de muito singular, que diz, entretanto, respeito ao coletivo de maneira ampla e irredutível, está acontecendo na poesia de Tatiana Pequeno."
Sobre a autora: