Nilde tirou o retrato no campo de ameixas (Coleção dos editores, vol. 3)

A plaquete Nilde tirou o retrato no campo de ameixas é composta por fragmentos de um romance em versos no qual quero contar uma história de família que atravessou gerações e que sim, alguém precisa contar. A história de quem chegou, clandestino, na casa de Nilde, no topo da montanha da Alta Leventina, Suíça, em 1942, e lá permaneceu por meses, talvez anos, escondido no sótão daquele casarão ou correndo nos pastos junto às vacas, longe das fronteiras de um mundo em guerra. E que um belo dia foi embora, sem nunca mais dar notícias.

Mas essa é principalmente uma história que precisa ser contada porque — como todas as melhores histórias — é uma história de amor. Se verdadeira ou falsa, se autobiográfica ou ficcional, pouco importa. Se houve amor nos Alpes em 1942, vale a pena acreditar que a história simplesmente é real. Por isso todos começamos a inventar nosso passado.

Eu não escaparia a esse chamado.

— Prisca Agustoni